Almoços

A pedido de muitas famílias (especialmente as nossas) vamos, finalmente, abrir para almoços. Para todos aqueles que precisam de um copo de vinho, para ganhar coragem e enfrentar o patrão o resto do dia. Para os outros que simplesmente querem comer e beber bem. Ou até para aqueles que querem apenas dizer que estiveram na melhor acepiperia do mundo.

Conceito Alvarinho

Hoje em dia já é difícil apanhar um vinho mau. Pode ter defeito, tipo joelho do Mantorras, que já não dá o deixa jogar, mas mesmo assim ainda pode marcar golos em jogos de homenagem.

Este Conceito Alvarinho está longe de ser um vinho mau. Não tem qualquer defeito. Mas, no meu gosto, está longe de ser um vinho bom. O aroma floral, típico da casta é suave e delicado promete. mas na boca é seco, que não é necessariamente mau, mas desaparece rapidamente, deixando um ligeiro amargor no final.

Qta Lagoalva de Cima Espumante Bruto

A região de Lisboa não é conhecida por criar talentos na categoria de espumantes. A Quinta da Lagoalva arriscou neste Espumante Bruto.
Tem um bom faro de golo, o que nos espumantes não é de todo o mais importante. Alguns frutos secos (pinhão) e algumas notas leves de flores. Tudo muito suave. Mas a bolha é grossa. E ao contrário de muita coisa na vida, o tamanho aqui importa e quanto mais fino melhor. Pelo menos na minha opinião, nos espumantes, as bolhas, querem-se muitas e pequenitas. A suavidade é demasiada; apesar de elegante, não revela complexidade por aí além e desaparece rapidamente na boca.

Qt Lagoalva de Cima Colheita Tardia

Cheira a mel e flores. Sabe a mel e flores. Não há que enganar. É uma delícia no nariz e na boca. Para quem é muito guloso e gosta de vinhos doces tem aqui um rebuçadinho. Mas, há quase sempre um mas, e, pelo menos na nossa opinião, na finalização não é a melhor.  Falta-lhe acidez. Ou seja, o vinho não é muito fresco, mesmo tentando dar-lhe alguma frescura através da temperatura, que também não poderá ser extremamente reduzida para não tirar as outras boas características. Agora que já fizemos uma descrição deste vinho de uma forma séria, vamos agora a umas comparações parvas para conseguirmos perceber um pouco melhor.

Dados 2008 (Douro)

Posso começar este post outra vez com "De Espanha, nem bom vento, nem bom casamento!". Desta vez nem analiso a expressão porque o que me interessa é que vêm bons enólogos. (pequeno aparte: estas introduções são só para as três pessoas que lêem estes textos acharem que isto é escrita profissional).
Retornando, quando se junta um enólogo português a um espanhol o resultado é fantástico. O aroma é suave, delicado e as notas de madeira são tipo as do deck de um iate, em tempos que não havia austeridade. Actualmente 

Quinta dos Vales Blanc de Noir (2011)

Nunca gostei do ditado "de Espanha nem bom vento nem bom casamento". Primeiro porque o vento leste é perfeito para o surf. Segundo, porque casar com uma espanhola significa, para esse felizardo, sentir que vive num filme do antigo canal 18.  Por isso decidi adaptar o ditado ao Algarve:

Do Algarve vem vinho potente e mau presidente!