Retornando, quando se junta um enólogo português a um espanhol o resultado é fantástico. O aroma é suave, delicado e as notas de madeira são tipo as do deck de um iate, em tempos que não havia austeridade. Actualmente
compararemos então a uma palete de madeira (roubada de um armazém com o objectivo de por almofadas e fazer um móvel, para dizermos que é design e não uma pobreza tal, onde nem a compra de um sofá descartável do IKEA é possível) guardada numa marquise mal feita, cheia de infiltrações nas janelas do primeiro andar, com vista directa para a linha do comboio a 10 metros de distância que, felizmente, devido a tantas greves, cada vez passa menos.
O que não transparece no aroma revela-se na boca. Têm os taninos domados e uma boa acidez que lhe dá muita frescura. Um vinho que não é comercial mas tem tudo para ser bom. É tipo um Ricardo Gomes quando regressou ao Benfica. Suave e delicado nos cortes, mas muito presente, com uma boa finalização (apesar de ser um defesa).
É um vinho bom para a ansiedade, devido a parecer-nos não uma pomada, mas quase um xarope que nos acalma o esófago. E, se bebermos uma destas inteira, esquecemo-nos do comboio a passar a 10 metros das nossas janelas infiltradas pelas primeiras chuvas de Novembro e do frio que nos assola, porque o aquecimento global nunca mais chega.
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